27/06/2020


Em breve, nossa Revista Patrimônio, nº II.
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Epidemias na Baixada Fluminense durante o período do Império

EPIDEMIAS NA BAIXADA FLUMINENSE

DURANTE O PERÍODO DO IMPÉRIO

                                                                                                               Guilherme Peres

“GAZETA DE NOTÍCIAS” – (Recortes) RJ- 1912

 

Desde os tempos imemoriais, as epidemias têm dizimado populações inteiras que decidiram invadir zonas pantanosas em busca de sua ocupação. Somente a evolução do conhecimento de suas causas e os meios de defesa, permitiu ao homem superar essa adversidade através do saneamento, eliminando a formação de brejais, tornando as habitações higiênicas e conseqüentemente reduzindo o foco do elemento transmissor.

No Rio de Janeiro, em torno da Baia de Guanabara, ainda no século XVI transformaram latifúndios em campos de criação e de plantio, atraindo para seu porto grandes produções de açúcar e aguardente, base econômica inicial do colonizador, graças à facilidade permanente do transporte por via fluvial e marítima, ali estabelecendo nos séculos seguintes, um grande centro consumidor e exportador.

Ao lado das primeiras capelas fundaram-se fazendas e Freguesias. Aos poucos o homem foi vencendo o ambiente hostil que se apresentava na vastidão dos pântanos. O esgotamento dessas águas feito através de canais permitiu-o conquistar a terra, dominando a impermeabilidade dos brejos, onde o solo fértil do massapé recebia as mudas da cana e da mandioca.

As primeiras grandes obras visando o aproveitamento do solo para a lavoura e facilitar o escoamento das águas, foram empreendidas pelos jesuítas em Santa Cruz, na baixada de Sepetiba. Parte da fazenda situada quase ao nível do mar era constantemente inundada, dificultando o escoamento dos rios Guandu e Gandu-mirim, tornando-a depois do enxugamento ainda na primeira metade do século XVIII, o celeiro que também abastecia o Rio de Janeiro de mercadorias para a exportação.

Expulsos os jesuítas em 1759, a conservação tornou-se precária voltando os campos a se alagar, favorecendo a proliferação das febres palustres com graves conseqüências para a produção, da então Fazenda Imperial.

Após a Independência, a prosperidade alcançava o apogeu. Multiplicaram-se as moendas, alastraram-se os rebanhos, cresceram as lavouras. Freguesias humildes ascenderam à dignidade de Vilas, transformando-se em empórios de riquezas representadas pelo café, que desciam a Serra do Mar no lombo das tropas em busca de seu destino. Porto das Caixas, Magé, Estrela Merity e Iguassú transformaram o recôncavo da Guanabara em uma colméia permanente.

Entretanto, depois desse breve esplendor, a região chegou a primeira metade do século XIX, envolvida num ciclo de insalubridade, graças a fúria com que se abateram as florestas. Transformadas em lenha para alimentar os fornos domésticos e os engenhos, a natureza cobrou seu preço. Precipitações intensas na serra determinando grandes chuvas concorreram para a inundação da várzea, onde lençóis de vegetação aquática impediam as correntes retardando o escoamento. Com o leito do rio assoreado e a conseqüente diminuição da lâmina d’água, inundaram-se os campos adjacentes transformando-se em focos de malária e impossibilitando seu aproveitamento agrícola.

 

AS “FEBRES DE MACACU”

Sendo a primeira das Freguesias criada no recôncavo, Santo Antônio de Sá tinha seu território estendido por uma vasta extensão de terras, cortadas pelos rios Macacu, Aguapei-açu, Cassarebu e seus afluentes, da qual se desmembraram mais tarde, as freguesias de Itambí, Itaboraí, Trindade, Maricá e Sernambetiba.

Desenvolvendo uma agricultura de subsistência e de exportação, esses núcleos de povoamento, representavam um papel importante no desenvolvimento econômico do Rio de Janeiro, quase sempre localizado à margem dos rios que constituíam a principal via de comunicação, por onde se conduziam “os efeitos da lavoura para a cidade”.

Navegável de sua foz até o porto num percurso de 34 quilômetros, o rio Macacu continuava servindo de trânsito da produção de açúcar embalado em caixas, razão da qual deu o nome ao porto, recebendo também no início do século XIX a produção do café dos “sertões de Cantagalo”, exportados para a Corte pelo rio da Aldeia, afluente do Macacu.

É desse período o início da decadência em virtude das febres palustres que assolavam essa região, e ficaram conhecidas como “febres de Macacu”, constituídas da malária, cólera-morbo e febre amarela. Despovoaram-se as fazendas. Vilas e Freguesias ficaram desertas ocasionando a falência da produção, que aos poucos vinha definhando desde o início desse século graças às endemias, sem que nenhuma providência fosse tomada.

Moreira Pinto, no seu “Dicionário Geográfico” registra a Tese do Dr. Antônio Martins de Azevedo Pimentel apresentada à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1884 relatando que: “Tornou-se Macacú célebre pela mortífica epidemia de febres paludosas, conhecidas nos anais da medicina sob o título de “febres de Macacú”, a qual se originou em suas margens no princípio de 1830, depois da grande seca dos últimos meses de 1829. Desolou a Vila de Macacú, levou a devastação e a morte à Magé, transpôs a Baia, acometendo o Rio de Janeiro; chegou ao sul, à cidade de Santos e ao norte da Província do Espírito Santo”.

Praticamente durante todo o restante do século XIX, o surto diminuía em certos períodos, para voltar mais tarde ceifando vidas. Em 1839, o Presidente da Câmara dessa Vila comunicava ao Governo da Província, que as febres palustres “devastavam o Município por falta de socorro”, confirmando três anos depois por Honório Hermeto Carneiro Leão, Presidente da Província, que pedia em seu relatório anual a extinção da Vila: “A vila de Santo Antônio de Sá quase completamente abandonada de habitantes, tendo ser sujeita a jurisdição do Juiz Municipal de Itaboraí, conviria extinguir-se, reunindo duas de suas freguesias à Vila de Itaboraí e uma à Magé”.

Apesar de todo o mal causado pelas “febres” à lavoura e ao comércio, seus portos continuavam recebendo através das tropas, a produção do café, que descia de Nova Friburgo, Cantagalo e regiões periféricas além da serra do Mar, destinados a Capital do Império, e recebendo também cargas e viajantes com destino Serra acima, que chegavam até ao porto transportados em barcos a vapor à partir de 1850, quando estes começaram a trafegar, “com o comércio de Madeira, lenha, carvão, farinha e cereais, procedentes das zonas não alagadas, e com a produção de seus engenhos de açúcar e aguardente, que chegaram a ser, em 1850, em número de 38”

Atacada por essa “doença endêmica” em 1829 e após um ano de seca “um exame profunctório como permitiam os conhecimentos da época” diz Mattoso Maia Forte: “atribuiu a origem do mal invasor do costume, em que estavam os moradores da Vila, de se servirem, para beber, da água estagnada de um pântano que havia por trás da povoação, de preferência da água do rio que a banhava. Pouco teria aquela que invejar, em pureza, as águas do Macacu. Ambas corrompidas, malsãs, nas proximidades da Vila onde os rios chegavam, depois de grande curso, levando detritos vegetais e animais de toda a espécie”.

          Segundo um Relatório da Câmara Municipal, em 1836 houve novos surtos assinalando “o aparecimento em alguns indivíduos, de simples febres precedidas de calafrios de curta duração, cedendo com pequeno tratamento”. Entretanto em março já o mal era maior, não atendendo as medicações. E descrevia a sintomatologia: “celfagia hemicrania, delírios, prisão de ventre, língua crostosa... vômitos biliosos e secos. Uma erupção cutânea por todo o corpo do doente, sintoma que era funesto”.

 

BACIA DO RIO MACACU

Localizado às margens do rio Macacu, no fundo da baia de Guanabara a freguesia de Santo Antônio de Sá, facilitava através de seu porto, o intercâmbio comercial e cultural com o Mosteiro Franciscano de São Boaventura, abrigando entre “25 a 30 religiosos”, rivalizando-se com Porto das Caixas, numa febril agitação de embarque e desembarque, tornara-se importante empório comercial da “Velha Província”, recebendo anualmente centenas de caixas de açúcar e tonéis de aguardente.

Em 1855, a epidemia representada pelo cólera morbus chegou a região espalhando-se por toda a província. Multiplicaram-se os túmulos do cemitério local já quase totalmente ocupado anteriormente pelas vítimas das “febres”, obrigando que “os sepultamentos, se fizessem em terrenos pertencentes ao convento de São Boaventura, abandonado e já em princípio de ruínas, o que motivou protestos dos Franciscanos, sendo necessária uma composição entre estes e o Governo Provincial, que os indenizou”.

No relatório da província do Rio de Janeiro do ano de 1855, encontramos essa afirmação de abandono feito por Mattoso Maia Forte, em que se encontrava o mosteiro: “Os religiosos Franciscanos possuem na Vila de Sto. Antonio de Sá um convento, sob a invocação de São Boaventura, mas esse convento a muito se acha abandonado e em ruínas. Tinha ele um patrimônio em terras na mesma Vila, as quais estão ocupadas por pessoas que pagam renda aos religiosos do convento da Corte”.

 

CÓLERA-MORBO

Surgida no Rio de Janeiro Capital do Império em 1855, trazida pela galera portuguesa “Defensor” e se espalhando para o interior, a epidemia de cólera-morbo ceifou milhares de vidas em sua passagem por essa Província, invadindo as vilas de comércio da Baixada Fluminense. Iguaçu, Jacutinga, Meriti, Estrela, Magé e Sto. Antônio de Sá tiveram seus movimentos comerciais reduzidos com essa tragédia que enlutou lares de ricos fazendeiros e seus escravos. Atingindo no início “quase que exclusivamente aos pretos, cabras, caboclos e pardos”, em breve infectaria indiscriminadamente toda população.

Na Vila de Iguaçu, segundo o relatório apresentado à Assembléia Legislativa pelo presidente da Comissão Sanitária, Dr. Francisco de Paula Cândido “um escravo empregado na cabotagem entre aquela Vila e esta Corte, em torna viagem, sentia na altura da Ponta do Galeão - Ilha do Governador – as primeiras ameaças do cólera, e foi morrer ao chegar à Vila. Outros companheiros foram em seguida afetados ...a epidemia declarou-se em diferentes pontos”.

No mesmo Relatório, o Dr. Francisco relata ao “Exmo. Sr. Ministro do Império” sua visita a Vila, descrevendo-a como um “novo teatro de devastação”, e relatando “a grande importância de médicos dedicados e inteligentes, de autoridades que cumprem gloriosos deveres de cidadãos. Os jovens doutores Luiz Alves de Souza Lobo, J. A. Gomes, Saião Lobato, um aluno da Escola de Medicina, o Subdelegado Nascimento Faria e numerosos cidadãos da Vila, haviam em harmoniosa e exemplar cooperação, tomado mui profícuas e acertadas medidas”

Por esse tempo levado ao Iguaçu desta Corte, ou de outros lugares, “difundia-se também a epidemia por Macacu, Magé, Marapicú, Jacotinga e Merity”, especialmente nas fazendas da Cachoeira (Mesquita) e São Matheus (Nilópolis) ambas do visconde de Bonfim

No início de setembro de 1855, Bento Rodrigues Viana, fazendeiro da Vila, assiste um de seus escravos “que se torce em dores com os olhos esbugalhados”, ser atingido com o mal que se espalhava por toda a região. “Os grandes casarões de sobrados, os armazéns alpendrados e o colorido das casas, já não são palco do reboliço, da agitação nervosa, do estonteante comércio de Iguaçu. Tudo é sossego, tudo é tristeza. De 11 a 24 daquele mês, 41 escravos morrem atacados de cólera-morbo”, diz o Professor Ruy Afrânio Peixoto em seu livro “Imagens Iguaçuanas”.

Apesar do pronto atendimento médico com a chegada também do acadêmico Francisco Potella, acompanhado de “três irmãs da Congregação do Santíssimo Coração de Maria”, só na Vila “de 11 a 24 de setembro, 41 escravos haviam pago com a morte o seu tributo ao mal” diz Mattoso Maia Forte.

A extensão da epidemia trouxe em conseqüência a ameaça de fome, com o abandono do porto e das lavouras fazendo com que o governo imperial providencia-se a remessa de víveres para serem vendidos a preço de custo em todas as Freguesias da Baixada, “acompanhado do Dr. Paula Cândido, a fim de verificar a extensão do mal”.

O Dr. Souza Lobo ofereceu sua residência “para nela instalar-se um hospital”. Mobilizaram-se os comerciantes locais se cotizando a favor da pobreza, tendo à frente “o presidente da Câmara Municipal de Iguassú, Ignacio Antônio de Souza Amaral”.

A chegada a São Matheus e Cachoeira do então acadêmico de medicina Luiz de Queiroz Mattoso Maia, “onde ocorreram 51 casos, sendo 21 graves além de nove mortos” veio minorar o sofrimento daquela gente. Mesmo assim, registrou-se em todo o município “338 casos, dos quais 121 fatais”.

        Nessas fazendas, os mortos foram sepultados no cemitério junto a capela São Matheus (Nilópolis), “devido a quantidade e por serem escravos, foram sepultados em grupos, em grandes valas, envoltos apenas por uma mortalha bastante parecida com sacos de estopa, de cor roxa, conforme pesquisa arqueológica de 1987”, diz Marcus Monteiro em seu livro “A Fazenda São Matheus”.

Nessa ocasião foram registrados em Meriti e Jacutinga “mais de 64 óbitos” e em Marapicu “mais 46”, todos vitimados pelo cólera. Segundo o Dr. Couto Ferraz: “foram nos barcos e margens dos rios onde primeiro fez explosão a moléstia. A esclarecedora dedicação das autoridades, o exemplar comportamento dos médicos, e a rigorosa execução das medidas tomadas para extinguir o excitador epidêmico, acabou ali repentinamente com a mais ameaçadora calamidade. O rio entretanto foi o caminho”.

No porto de Iguaçu, diminuiu a navegação. Barcos vazios balançavam ao sabor das ondas enquanto os trapiches estavam abarrotados de café, “acumulando-se mais de 30.000 arrobas”. A ausência do braço escravo devido às mortes ou doenças fez-se sentir durante o resto daquele ano. No porto dos Saveiros à margem do rio Iguaçu, a epidemia “acometera dois terços dos escravos empregados no serviço fluvial” segundo Maia Forte.

 

VARÍOLA

No dia 28 de novembro de 1882, o sub-delegado de polícia de Jacutinga, notificava à Câmara que haviam surgido os primeiros casos de varíola em seu Distrito, solicitando na mesma nota que “os variolosos sejam tratados em uma casa longe da povoação, com os recursos necessários”. O livro da “Câmara Municipal de Iguassú” do dia 24 de setembro de 1883, segundo Waldick Pereira, assinalava que as verbas votadas no ano 1878 foram “insuficientes para o socorro aos indigentes atacados de varíola”, e o mal voltava novamente a se alastrar.

A carência de socorro fez com que o Ministério do Império, autorizasse a despesa “com os variolosos até a quantia de 1.000,000” recomendando “a mais severa economia nessas despesas”, chegando o ano de 1884 com o fantasma da varíola presente em toda a extensão do município, ocasionando um apelo da Junta do 1º. Distrito “No intuito de impedir que a invasão da terrível enfermidade que esta assolando em ponto não muito distante, providenciasse a imediata remoção dos presos que se encontravam na cadeia e a continuação assídua de desinfetantes”.

O mesmo pedido assinalava ainda uma “ordem terminante ao médico da Câmara para comparecer diariamente nesta cidade onde aconselhará o que for conveniente”, autorizando a “obtenção de uma casa que sirva para isolar-se pessoas atacadas do mal, se porventura tivesse a desgraça de vir aqui a terrível peste”.

Atendendo as exigências da Câmara, os fiscais tomaram as providências necessárias ordenando a todos os moradores que “caiassem suas casas interna e externamente removendo o lixo dos quintais, e por conta da Câmara, o das ruas e praças para pontos distantes e em seguida incinerados”. Ordenava também que “comprasse barricas de alcatrão para serem queimados na rua”.

Para atender as pessoas pobres que eram maiorias, a Câmara fez contratar os serviços do Dr. Bernardo Xavier Rabelo mediante gratificação como forma de pagamento “até que se vote o orçamento”.

As medidas profiláticas se arrastaram durante os anos seguintes, ate que em dezembro de 1895, uma providência mais eficaz de combate a varíola se efetuasse. Em Meriti: “quando José Manoel de Santa Rita, farmacêutico e juiz de paz naquele distrito comunicava haver aplicado em 113 pessoas os seis tubos de “lympha” enviados pela Câmara, e 21 particularmente pelo Dr. Presidente e não haver caso algum de varíola no distrito”.

As remessas de “lympha” continuaram a serem enviadas para esse Distrito e “acusadas como recebidas”, no início de 1889 a maioria pela iniciativa da Diretoria de Assistência Pública do Estado. Destinadas ao lazareto instalado ali desde 1895, distribuiu-se também por toda a região de “Maxambomba e Riachão”.

Com a desistência da maioria dos médicos que eram nomeados para o serviço de “consulta e profilaxia” apesar da remuneração tentadora, um médico sobressaiu-se em sua tarefa: o Dr. Heitor Murat. Indicado “para prestar serviços mediante a gratificação mensal de cem mil reis (100$000), estabeleceu um consultório em Maxambomba com designação de dia e hora e atender os chamados de qualquer parte”.

No último ano do século XIX o surto de varíola estava controlado, sendo o Dr. Murat “dispensado dos seus serviços médicos por não haver necessidade deles”, confirmado pela Junta Distrital de Iguaçu anunciando “Ter-se extinguido completamente a varíola” e pedindo o reembolso das despesas “despendidos com os lazaretos de Salto d’Agua e Cachoeira”.

 

MALÁRIA

Os surtos endêmicos da malária iam e vinham em ondas acompanhando as grandes chuvas seguidas de estiagem. No ano de 1897, segundo registro de Waldick Pereira, o mal voltou tão forte que durante a construção de pontes no distrito de Pilar as obras foram paralisadas ”visto a epidemia de febres ter obrigado o pessoal a abandonar o trabalho”.

Dando prosseguimento ao trabalho de minorar a doença, foi nomeada “uma Comissão especial de hygiene para em cada distrito proceder ao exame dos quintaes”, distribuídas nos seguintes distritos: Marapicu, Merití e Jacutinga, não sendo nomeada para o Distrito de Pilar, por estar vago o cargo de vereador distrital”, e Palmeiras, “Por não haver povoação”.

            Segundo a Comissão, as chácaras e os quintais de maxambomba “com honrosas exceções, encontramos absoluta falta de hygiene, tal é a aglomeração de lixo, matérias deletérias, provenientes em quase totalidade pequenas valas sem o indispensável asseio, o que é fácil de vencer-se, se os respectivos moradores quiserem se compenetrar, de que um pequeno serviço de pedreiro, lhes dará um meio de trazerem sempre limpas as dependências de suas casas”.

PESTE BUBÔNICA

Em 1899, junto com a República, chegava ao Rio de Janeiro a epidemia de peste bubônica, espalhando-se pela Baixada Fluminense. Essa mesma Comissão deixou registrado: “Encontramos logo órfãos e viúvas deixado pelo cólera, varíola e malária” acrescentando que um novo alarme era dado: “a peste bubônica assolava Santos e a Capital Federal”

A Comissão aconselhava ao Governo obrigar a população para a “profilaxia da peste” acrescentar às “construções das casas, um assoalho de concreto ou asfalto a fim de isolar da contaminação feita pelos ratos”, naturalmente evitando o uso de porões, tão em moda nas casas de alvenaria.

A Câmara de Iguaçu adiantou-se em desfazer o mal que se anunciava “votando uma verba de 300$00 Rs. A ser distribuída por todas as pessoas que apresentarem ao fiscal do Distrito, nas respectivas sedes, os cadáveres desses animais, a razão de 100 Réis cada um. Os animais referidos eram ratos”, diz Waldick Pereira.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

PEIXOTO, Ruy Afrânio – “Imagens Iguaçuanas” Tip. Colégio Afrânio Peixoto Nova Iguaçu - 1963

BARROS, Ney Alberto Gonçalves de – “Estrada de Ferro Rio D’Ouro” - Apostila – 1999 – RJ

SANTOS, Noronha – “Crônicas da Cidade do Rio de Janeiro” Livraria Padrão – 1981 - RJ

VASCONCELOS, Max – “Vias Brasileiras de Comunicação” Imprensa Nacional – 1935 – RJ

GERSON, Brasil – “O Ouro, o Café e o Rio” Editora Brasiliana, 1970 – Rio

GÓES, Hildebrando de Araújo – “Relatório da Comissão de Saneamento da Baixada Fluminense” – 1934 - RJ

JACCOUD, Rafael Luiz de Siqueira – “Os Colonos” Múltipla Cultural - Nova Friburgo, 2001 - RJ

MAIA FORTE, José Mattoso – “Memória da Fundação de Iguassu” - Tip. Jornal do Comércio – 1933 - RJ

MAIA FORTE, José Mattoso -“Vilas Fluminenses Desaparecidas” Prefeitura Municipal de Itaboraí-1984 - RJ

PEREIRA, Waldick – “Endemias em Iguaçu” Revista News, ano II, N. 15 - 1970 - RJ

MONTEIRO, Marcus – “A Fazenda São Matheus” Edição do Autor - 1987 - RJ

“RELATÓRIO DA PROVÍNCIA” - Niterói – RJ - 1855

“GAZETA DE NOTÍCIAS” – (Recortes) RJ- 1912

 


Dia de Minas - 16 de julho

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