A BAIXADA FLUMINENSE REVELADA
MAIS DE 60 SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS FORAM ENCONTRADOS NAS
ESCAVAÇÕES PARA AS OBRAS DO ARCO METROPOLITANO, EM DUQUE DE
CAXIAS, NOVA IGUAÇU, JAPERI, SEROPÉDICA E ITAGUAÍ
PROFESSORA JANDIRA NETO MOSTRA UM RELÓGIO DE SOL COM MAIS DE TREZENTOS ANOS
As obras do Arco Metropolitano, que começaram para ajudar a desafogar o trânsito na Avenida Brasil — quem diria — vão ajudar a revelar um pouco mais da história da ocupação da Baixada Fluminense.
Nos 72 quilômetros de obras foram descobertos 61 sítios arqueológicos, cujas escavações trouxeram à tona artefatos como cachimbos, louças, cerâmicas, urnas funerárias,entre outras peças, achadas durante o monitoramento das obras na rodovia que ligará Itaboraí, na região metropolitana do Rio de Janeiro, a Itaguaí, na Baixada.
As descobertas são fruto do trabalho de pesquisas realizadas pelos arqueólogos do Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB) em cinco municípios da região da Baixada onde a via foi construída: Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Japeri, Seropédica e Itaguaí.
De acordo com a coordenadora do Programa de Arqueologia e de Educação Patrimonial do Arco Metropolitano, a arqueóloga Jandira Neto, mais de 50 mil peças(inteiras e fragmentadas) foram encontradas e vão ajudar a montar o quebra-cabeças da identidade dos que ocuparam a região desde a pré-história, há 6 mil anos:
— Encontramos louças dos séculos 16, 17 e 18, louças comuns, do cotidiano,o que indica que não eram pessoas ricas.Já no sítio arqueológico Pau Cheiroso, em Seropédica, em um morro sem água, totalmente inadequado à subsistência, encontraram dedais, botões de madrepérola, bibelôs e broches, o que, segundo a arqueóloga, indica que naquele lugar vivia uma mulher muito caprichosa.
UMA TERRA DE AMANTES DO CACHIMBO
Mais de mil cachimbos foram encontrados na área de abertura da estrada. Segundo os arqueólogos, a presença africana e o hábito de fumar eram bem fortes na região. O negro aprendeu a confeccionar requintados cachimbos em barro, com marcas tribais, seguindo o modelo europeu em louça:
— O negro aprendeu a fumar com os índios. O europeu com os dois — revela Jandira Neto.
Fonte: Letícia Quintão – Foto: Nina Lima – Jornal ―EXTRA‖ – 11/08/12
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